Tenda vai ampliar industrialização da construção para além dos canteiros

Foto: Divulgação/ Construct

A incorporadora pretende implantar, em 2020 e 2021, pilotos do novo modelo em cidades de médio porte, ainda a serem definidas

A Tenda pretende adotar estratégia de industrialização da construção, nos próximos anos, para ampliar o número de cidades de sua atuação e se firmar como a empresa com menor custo de produção do segmento de baixa renda. Segundo o presidente da companhia, Rodrigo Osmo, a intenção é buscar possibilidades de produção fora dos canteiros de obra, em modelo que chama de “off-site”, deixando apenas a montagem dos empreendimentos para os terrenos onde são erguidos os projetos.

A incorporadora pretende implantar, em 2020 e 2021, pilotos do novo modelo em cidades de médio porte, ainda a serem definidas. A Tenda vai avaliar tecnologias construtivas, como pré-moldados de concreto, estrutura pré-moldada “steel frame” e painéis com estrutura de madeira. Segundo Osmo, poderá haver fechamento de parcerias estratégica com fabricantes de estruturas, compra de algum produtor ou até mesmo montagem de fábrica pela companhia.

No modelo atual de industrialização dos canteiros adotado pela incorporadora, só é possível atuar com escala mínima de 1.000 unidades anuais por mercado, de acordo com Osmo. Dos 13 mercados mapeados com demanda superior a esse volume, a companhia já está presente em nove regiões metropolitanas.

Considerando-se a limitação de pelo menos 1.000 unidades anuais, o potencial máximo de atuação para a companhia é de 31,2 mil unidades (soma das 15,5 mil unidades lançadas nos 12 meses encerrados em setembro com crescimento potencial estimado em 15,7 mil unidades). Nos cálculos da Tenda, se for possível, por modelo de industrialização mais ampla, estar presente em mercados com demanda menor do que 1.000 unidades por ano, o volume potencial máximo iria para 60 mil unidades.

Osmo afirma que a Tenda tem estrutura financeira para dar suporte ao desenvolvimento da plataforma de tecnologias “off-site” — a companhia encerrou o terceiro trimestre com caixa líquido de R$ 231 milhões. Cerca de 1% da receita será destinada a pesquisa e desenvolvimento. “Caso identifiquemos investimentos promissores, vamos usar os recursos nessas oportunidades”, conta o executivo.

Osmo avalia que é mais arriscado ampliar a atuação para outros segmentos de renda do que manter a concentração no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. “O foco reduz a complexidade operacional e permite ganhos de eficiência”, diz.

Questionado em relação a potenciais mudanças no programa, Osmo afirmou que o assunto “sempre é motivo de preocupação”. “Há vários pontos delicados, como orçamento do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço], orçamento da União e vontade política, mas nosso entendimento é que um programa de habitação popular continuará a existir”, diz o executivo.

No entendimento de Osmo, o total de subsídios para o programa deve ser menor do que o concedido até agora, afetando parâmetros do Minha Casa, Minha Vida. “O Brasil forma um milhão de famílias por ano que não têm acesso a soluções de mercado para habitação. Se formos a empresa mais eficiente do segmento, vamos ter números relevantes e rentabilidade bastante atrativa enquanto houver um programa”, diz o executivo.

Fonte: Valor Econômico