PIB do setor de construção terá expansão de 2% em 2019, diz sindicato

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O Produto Interno Bruto (PIB) da construção terá crescimento de 2% em 2019, conforme estimativa do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e da Fundação Getulio Vargas (FGV). A projeção considera que o PIB do país terá expansão de 2,5% no período.

No ano passado, o PIB da construção caiu 2,3%, apesar da melhora dos indicadores de lançamentos imobiliários, vendas, distratos e crédito imobiliário, segundo o Sinduscon-SP. O saldo líquido de emprego na construção foi de 16.169 vagas em 2018. Para 2019, o Sinduscon-SP projeta taxa de crescimento do emprego com carteira assinada de 4,5%.

A entidade cita dado da Inter B. Consultoria de que os investimentos em infraestrutura responderam por 1,7% do PIB, em 2018, ante 1,69% no ano anterior.

Se o recuo do PIB da construção no ano passado for confirmada quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar as contas trimestrais, a queda acumulada do setor em cinco anos terá sido de quase 30%, segundo a coordenadora da FGV Projetos, Ana Maria Castelo.

Para 2019, a expectativa é que o setor encerre esse ciclo de cinco anos de retração do PIB e de redução de quase 1 milhão de empregos com carteira assinada. Em 2019, o crescimento das vendas, ocorrido no ano passado, deve se traduzir em mais obras, de acordo com a coordenadora da FGV Projetos. Segundo ela, o crescimento das empresas – mercado imobiliário, infraestrutura e serviços especializados – deve ser de 1%, enquanto o segmento demais – autoconstrução e pequenos empreiteiros não formalizados – é estimado em 3,5%.

A melhora da atividade formal deve se refletir no emprego com carteira assinada, com alta de 4,5%, de acordo com Ana Castelo. Há expectativa que a alta mais significativa ocorra no segmento de edificações. “O mercado imobiliário continuará a comandar a atividade. A retomada das obras de infraestrutura, se confirmada, deverá ter efeito na atividade mais para frente”, afirmou.

Há incertezas em relação ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, Minha Minha segundo a coordenadora, relacionadas ao fim do ministério das Cidades. “Não se sabe efetivamente como será a continuidade do programa”, disse. Questões relacionadas a possíveis outros usos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS) também podem afetar a sustentabilidade do programa.

A economista ressaltou que 2018 foi um ano em que o setor deixou de piorar e que a melhora é esperada para 2019. “Toda a expectativa do desenvolvimento do ano está na capacidade de o governo sinalizar encaminhamento para a questão fiscal”, afirmou.

Existia expectativa positiva de que já haveria uma reversão desse quadro de queda em 2018, segundo a economista. De acordo com Ana Castelo, estudo da Inter B. aponta que investimentos em infraestrutura em 2018 foram os piores em relação a anos eleitorais, embora não tenham caído na comparação com 2017.

Déficit habitacional

O diretor de economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan, afirmou que a sociedade brasileira precisa encontrar outros meios para enfrentar o déficit habitacional além do programa Minha Casa, Minha Vida. Outras fontes de Minha Minha financiamento, sejam do mercado de capitais ou da Letra Imobiliária Garantida (LIG) precisam ter segurança jurídica, ressalta o economista.

Além do déficit atual, há crescimento da demanda por moradias todos os anos em função da formação de novas famílias. “É difícil resolver a questão em um estado com um problema fiscal como o nosso”, disse Zaidan, ressaltando que o Brasil tem um déficit habitacional “enorme”.

Segundo o presidente do Sinduscon-SP, Odair Senra, a faixa 1 do programa habitacional – a mais dependente de subsídios – é muito importante, mas “vai hibernar” no atual cenário de déficit fiscal.

Na avaliação de Zaidan, o problema fiscal brasileiro não será resolvido antes de uma década. “Não sou pessimista, sou realista. Já temos uma carga tributária insustentável. Teremos de mantê-la, se é que não vão querer aumentá-la”, disse o economista.

Zaidan diz não conseguir ver de onde será possível tirar recursos para a faixa 1 do programa e compara que os bombeiros que estão trabalhando em Brumadinho (MG) – onde ocorreu o rompimento de uma barragem da Vale – estão com os salários atrasados. “O recado das urnas é que isso precisa ser resolvido de algum modo”, disse o economista.

O presidente do Sinduscon-SP ressaltou que as reformas são “muito importantes para continuidade da geração de emprego e renda”. “Renda e emprego são combustíveis para a aquisição da casa própria”, afirmou Senra.

Ele disse que as indicações do novo governo no que diz respeito à economia são positivas. “Falta muito por acontecer, a Câmara começou a funcionar agora, mas o viés parece ser positivo para uma economia liberal, que sempre vai a favor de quem trabalha melhor.”

Senra destacou que considera importante a aprovação das reformas. Segundo ele, as expectativas são positivas para o Brasil e para o setor de modo geral. Para a coordenadora da FGV Projetos o grande risco para o país é a questão fiscal.

Fonte: Valor Econômico