A Evolução da Arquitetura de Interesse Social

Habitação de Interesse Sustentável

O contexto da habitação de interesse social no Brasil é seguido por diversos indicadores sociais e
econômicos, mas, o fato é que a cada dia o déficit habitacional cresce há escala exponencial.
A urgência de alternativas sustentáveis é claramente percebida no setor habitacional, repensar a forma como as cidades e os assentamentos humanos são planejados, projetados, construídos e habitados é uma questão de saúde pública. Estamos passando por uma crise pandêmica sem precedentes e com diversos impactos, principalmente no ambiente construído o habitat humano. Como disse o arquiteto norueguês Christian Norberg-Schuls: “Quando o ambiente é significante o homem sente-se em casa”.
A produção arquitetônica e urbanística acaba sendo relegada em face a outros custos como terreno,
infraestrutura, tipos de acabamentos etc. A qualidade projetual e os benefícios que deveriam ser traduzidos em prol das famílias, fruto de um bom projeto acaba sendo desconsiderada. É notável a baixa qualidade espacial das moradias produzidas, a repetição dos projetos reproduzindo os mesmos “erros” e, soluções sem nenhuma sofisticação ou adaptação aos diferentes locais em suas zonas bioclimáticas.
Os autores Tajiri, Cavalcanti, Potenza, (2011) escreveram, “Uma habitação pode ser considerada sustentável quando a adequação ambiental, a viabilidade econômica e a justiça social são incorporadas em todas as etapas do seu ciclo de vida.”
Apoiado na convicção de que a arquitetura é uma atividade determinante para a qualidade de vida dos
seres humanos, e ainda, que vem ao encontro da Agenda 2030, onde a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, é urgente pensarmos na produção habitacional com qualidade nos ambientes de convívio, garantindo condições adequadas de conforto e segurança.
Surge no cenário atual a junção dos termos Interesse Social com Interesse Sustentável, ou seja, a consciência da preservação do meio ambiente, qualidade de vida da população, a conservação e o melhor aproveitamento dos recursos naturais, e a conquista de uma cidade integrada e inteligente.
A ideia do Concurso de Idéias de Arquitetura a nível nacional torna mais eficiente e transparente,
com mais possibilidades de propiciar impacto real, e ainda, tem condições de fomentar o setor a
encontrar soluções e/ou alternativas inovadoras viáveis.
O Projeto-Piloto em Habitação de Interesse Sustentável servirá de laboratório demonstrativo em matérias de pesquisas acadêmicas no intuito de promover as melhores soluções e práticas de eficiência energética, buscando sempre alcançar a excelência em questões como conforto ambiental, uso racional de recursos hídricos e energéticos, sustentabilidade, entre outras ações que poderão ser propostas e implementadas. Tornando-se economicamente viável construir com qualidade e, sobretudo, com dignidade.
Há dois anos a ABC vem apoiando inciativas como essa entre a GIZ, IAB, SNH/MDR em busca de alternativas habitacionais viáveis que atenda ao anseio das famílias mais vulneráveis, resgatando a
sua cidadania, dignidade e autoestima.

Luiz Cândido de Oliveira
Arquiteto e Urbanista
Vice-Presidente Administrativo Financeiro da ABC Diretor-Presidente da Companhia de Habitação de
Londrina–COHAB-LD; Especialista em Gerenciamento da Construção Civil; MBA em Gerenciamento de Obras e Edificações; Especialista em Gestão Pública; Atua na área de Habitação de Interesse Social – HIS desde 1988