Juro baixo e estímulo à habitação popular no governo Lula são pedidos da construção civil

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Nova equipe precisa também manter a regulamentação atual do setor, que ficou mais enxuta, conforme entidades desta esfera

A demanda da indústria da construção civil para o novo mandato do presidente Lula é uma política econômica que permita a redução da taxa básica de juros, a Selic, estimule a competição entre fabricantes de matérias-primas e ajude a manter um fluxo regular de investimentos.

Nos próximos quatro anos, representantes do setor destacam também esperar que, não haja alterações na regulamentação da construção (que está mais enxuta) e que sejam retomados estímulos para a construção de moradia para a população mais carente, por outro lado.

Para José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a regularidade no fluxo de investimentos é o ponto-chave para o segmento no próximo governo. Um volume menor de capital a um ritmo constante do que grandes aportes seguidos por freadas bruscas, ele diz ser preferível.

E acrescenta: “Não dá para viver de uma solução única, que um dia coloca uma montanha de dinheiro e, de repente, morre tudo. Isso aconteceu com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, lançado em 2007 pelo governo do PT)”, afirma. “Sem continuidade, não posso investir pesado em tecnologia, maquinário e capacitação. Perco a oportunidade de ser mais produtivo”.

Durante o governo Bolsonaro, Martins destaca que foram feitas concessões para investimentos estruturantes no País, como de rodovias e aeroportos. No entanto, a infraestrutura de pequeno porte ficou em segundo plano e precisa ser retomada. “São aquelas obras menores, que a conta não fecha para fazer concessões, mas que são necessárias no dia a dia. Uma concessão de uma estrada vicinal, por exemplo, não para em pé, mas tem de ter uma solução para mantê-la. Precisamos de algo para atender a essa demanda.”

No principal programa de habitação do governo, o Casa Verde Amarela (que substituiu o Minha Casa, Minha Vida), o executivo ainda lembra que praticamente não houve contratações nos últimos anos no Grupo 1, destinado à população de renda mais baixa. Martins acrescentou: “Isso acabou faltando. Tem de ser feito um debate em torno do assunto. Ninguém quer estourar o teto de gastos (para investir em habitação), mas é preciso resolver essa questão no Congresso”.

O novo governo terá de dar atenção a essa faixa do programa habitacional, que depende de subsídios, também afirma o vice-presidente de relações institucionais do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Yorki Estefan, porém, pondera que isso tem de ser feito com responsabilidade fiscal. “O dinheiro (para o subsídio) tem de sair do Orçamento. Não adianta investir explodindo as contas do governo. Porque aí gera mais inflação e, consequentemente, juros mais altos.”

É imprescindível que o novo governo mantenha em ordem as contas públicas para que a taxa de juros possa ser reduzida, diz Estefan. A taxa básica de juros, hoje a 13,75%, torna o investimento financeiro mais atraente que o imobiliário, retirando recursos que poderiam ser destinados ao setor. A indústria da construção civil trabalha “razoavelmente bem” com um juro na faixa de 8,5%, segundo o executivo.

Também alerta o vice-presidente do SindusCon-SP para a necessidade de estimular a indústria no país e desonerar as importações e explica que a ideia é que isso torne as matérias primas mais baratas.

Fonte: Estadão Imóveis
Matéria na íntegra: https://www.estadao.com.br/economia/lula-governo-transicao-demanda/