Desde 2019, programa da Codhab já investiu aproximadamente R$ 4,3 milhões em
174 reformas ou reconstruções de residências em São Sebastião, Estrutural e Sol
Nascente
A sensação é de estar sonhando acordada. É assim que a babá Dinalva Ferreira
dos Passos, de 41 anos, se sente após ganhar uma reconstrução completa em sua
casa, na Estrutural, sem precisar gastar nada. Graças ao programa Melhorias
Habitacionais, da Codhab-DF (Companhia de Desenvolvimento Habitacional), ela
conquistou a casa dos sonhos com segurança, depois de ter sido vítima de 14
furtos debaixo do próprio teto. De 2019 para cá, o governo do DF já ajudou 174
famílias, com investimento acima de R$ 4,3 milhões.
Desde que foi instituído, há quatro anos, o Melhorias Habitacionais
transforma vidas de famílias em vulnerabilidade social. Ele possibilita que os moradores
tenham acesso a projetos e obras de reforma ou reconstrução. Com a atuação de
assistentes sociais, arquitetos e engenheiros da Codhab, melhorias estruturais
são realizadas nas residências para garantir qualidade de vida e segurança aos
moradores.
“É um dos programas mais bonitos da Codhab porque é uma revolução muito
positiva na vida da pessoa. É um programa que resgata a dignidade de quem está
morando naquele local e nos dá muita satisfação visitar e ver a alegria dos
familiares após a entrega”, defendeu Marcelo Fagundes, diretor-presidente da
companhia.
As 174 residências reformadas ou reconstruídas pelo Melhorias Habitacionais
beneficiaram famílias de São Sebastião, Estrutural e Sol Nascente.
Os limites financeiros para as obras foram ampliados, seguindo a alta nos
preços do material e da mão de obra após a pandemia. “Neste ano, nós subimos os
valores da reforma de R$ 35 mil para R$ 50 mil e, no caso de reconstrução, o
valor aumentou de R$ 75 mil para R$ 100 mil. Com esse novo limite, a gente consegue
atender da melhor forma essas famílias”, detalha Fagundes.
“Ver a realização desse sonho, de dar dignidade a essas pessoas é muito
gratificante. Eu, como assistente social, amo poder fazer parte dessa mudança
na realidade de quem mais precisa. A pessoa não demonstrava nenhuma felicidade.
Hoje, ela sorri, chama visitas e tem orgulho de receber gente em casa”,
Marilurde Lago, assistente social da Codhab.
A pessoa contemplada pelo programa participa ativamente de todas as etapas,
aprovando ou dando sugestões de plantas que poderiam ser mais funcionais para a
necessidade dos moradores. “A família é uma parte importante do processo. Eles
analisam, aprovam e dão sugestões também. A gente procura, de uma maneira
simples, justificar aos moradores as ações que colocamos no projeto”, explica
Fabiana Gonçalves, uma das arquitetas do programa.
Para ser contemplado com o programa Melhorias Habitacionais, o interessado
precisa comprovar que o local a ser reformado ou reconstruído apresenta sinais
de insalubridade ou insegurança. Ao se lembrar de como era a rotina vivida com
o filho pequeno entre chapas de madeirite, Dinalva se emociona com os momentos
difíceis que eles superaram sozinhos.
“O banheiro da nossa casa era do lado de fora. Teve uma vez, de madrugada,
que eu cheguei a encontrar com um bandido se escondendo da polícia dentro do
meu banheiro. Foi desesperador. Já entraram na minha casa 14 vezes. Eles sempre
levavam meus pertences e as coisas que eu comprava para o meu filho”, recordou.
Outra situação comum com que Dinalva precisava lidar era com relação às
infiltrações. No período chuvoso, a água invadia a casa e, aos poucos, os
materiais ficavam desgastados e podres com a alta umidade.
“Eu senti uma alegria sem fim ao ver o madeirite saindo para dar espaço à
alvenaria. Naquele momento eu agradeci demais a Deus. Chorei! Agora eu posso
dizer que eu tenho uma casa”, comemorou.
Hoje, Dinalva conta com uma casa de dois quartos, banheiro, sala de
televisão e de jantar, cozinha e área de serviço, além de um espaço mais
seguro. “A obra foi uma demolição completa. Era totalmente precária a parte
elétrica. O telhado estava totalmente inadequado, com muitas trincas. A chuva
em contato os madeirites causava mofo. Havia risco de curto-circuito também”,
detalhou o arquiteto responsável pelo projeto de Dinalva, Leandro Fernandes.
“O meu cantinho predileto aqui é o meu quarto e o banheiro. É uma sensação
muito boa”, revelou Dinalva. Para homenagear o responsável pela realização do
seu maior sonho, ela pediu para que fosse feito um desenho na parede com as
cores da marca da Codhab. “Procurei alguma coisa que fizesse lembrar quem
realmente tinha me abençoado: Deus e a Codhab.”
Assim como Dinalva, a aposentada Divina Maria de Jesus, de 66 anos, também
realizou o sonho da reconstrução da sua casa, em São Sebastião. Ela ganhou a
sala de estar que sempre quis para receber familiares e amigos. Divina conta
ainda com cozinha ampliada, telhado novo, piso de cerâmica, forro PVC no
banheiro e quarto, esquadrias nas portas e janelas e textura aplicada em todos
os ambientes internos.
“Na minha vida, eu recebi duas bênçãos. Uma foi a aposentadoria e a outra
foi a reforma da minha casa”, disse, bastante emocionada. Antes das obras, o
local era resultado de um improviso feito entre os filhos para terem onde
morar, há 20 anos. De lá para cá, nenhuma reforma havia sido feita na casa.
Durante anos, Divina não recebeu visitas em casa por vergonha das
dependências. “Toda vez que me perguntavam o que eu mais queria, eu dizia que
era uma sala decente. Eu só queria um lugarzinho para receber as pessoas. Agora
que está tudo reformado, minha casa vive cheia. Tem churrasco no fim de semana
e toda comemoração é aqui também”, compartilhou.
CRITÉRIOS DO PROGRAMA
Devido às restrições durante a pandemia de Covid-19, o programa atende,
atualmente, os beneficiários inscritos nos anos anteriores. Por isso, as
inscrições para novos participantes em 2023 ainda estão suspensas.
O Melhorias Habitacionais é voltado para famílias com renda mensal de até
três salários mínimos e moradoras do DF há pelo menos cinco anos em áreas
próprias de interesse social regularizadas ou passíveis de regularização.
Também são critérios não possuir outro imóvel e apresentar problemas de
salubridade ou segurança na casa.
Por Thaís Miranda, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno