Casas construídas em 48 horas vão compor conjunto habitacional no Sul de Minas

Imóveis serão entregues via parceria entre Hauss Brasil e programa Minha Casa, Minha Vida

A cidade de Itamogi, no Sul de Minas, será a primeira do País a receber um conjunto habitacional com 150 residências construídas em fábrica e instaladas em apenas 48 horas de montagem. A previsão é de que o empreendimento seja entregue ainda em outubro deste ano.

A iniciativa é da startup mineira de assessoria imobiliária e soluções ágeis, Hauss Brasil, após firmar parceria com o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), da Caixa Econômica Federal.

Segundo a Hauss Brasil, além de Itamogi, outras cidades mineiras também devem receber instalações de casas industrializadas, feitas com o método conhecido como Light Wood Frame (LWF), que tornam as residências habitáveis em 72 horas após o fim da montagem.

Ao todo, 1 mil residências do tipo serão distribuídas pelo Estado nos próximos 12 meses. Como a iniciativa envolve o MCMV, os imóveis serão destinados a famílias com perfil equivalente ao que propõe o regulamento do programa habitacional, ou seja, para famílias que ganham a partir de um salário mínimo, dentre elas, o público jovem.

As construções do primeiro lote serão realizadas mediante a recente vitória da empresa pela licitação que contempla a entrega das 1 mil moradias no primeiro ano de operação, o que deve gerar um faturamento superior a cifra de R$ 120 milhões.

Além dos conjuntos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida, a ideia é lançar mais dois produtos:

  • habitações de 03 quartos, visando a faixa três do programa,
  • e edificações virtuais de até 4 pavimentos.

“Nosso objetivo é esgotar a capacidade industrial do Brasil nos próximos três anos. Ou seja, queremos ter uma média de 4 mil unidades entregues por ano. E mais do que isso, queremos que outras empresas sigam por esse caminho, para que consigamos resolver o déficit habitacional e fornecer moradia adequada a toda a população. Isso é construir uma cidade inteligente de verdade”, afirma o engenheiro mecânico, Paulo Curió.

“Anteriormente à tragédia do Rio Grande do Sul, já tínhamos uma grande demanda por moradias. Com os acontecimentos do primeiro semestre, este número se tornou inimaginável. O modelo de construção industrializada surge como uma alternativa mais eficaz para resolver esse déficit, até porque quem precisa, tem pressa”, explica um dos fundadores da empresa, Junior Bergamin.

Além disso, a startup utiliza práticas de lean construction (construção enxuta) no canteiro de obras, o que facilita as sequências de tarefas e operações. Este formato, utilizado em linhas de produção automotiva, foi adaptado e implementado na construção civil. A iniciativa permite a redução da mão de obra e, consequentemente, custos de operações menores, criando assim moradias mais acessíveis.

Casas com ‘pegada’ sustentável

Além de contribuir com a realidade de desafios habitacionais, a startup também busca diminuir o impacto ambiental presente no segmento. Para se ter uma ideia, cerca de 20% de todo material de uma obra convencional se torna lixo. Entretanto, com o uso da tecnologia LWF, a empresa conseguiu reduzir consideravelmente a geração de resíduos sólidos e diminuir os gastos de recursos hídricos em até 95%, tendo como um dos principais recursos a madeira, vinda de fontes sustentáveis e rastreáveis desde o plantio.

Uma prática importante foi a instalação de placas de energia fotovoltaicas, que eliminam o carbono operacional da residência. Essa iniciativa faz parte do chamado “Net Zero”, um movimento global que busca zerar as emissões de gases com efeito estufa na atmosfera.

“Foram mais de dois anos de pesquisas com foco no mercado de crédito de carbono e outras práticas sustentáveis. A escolha da madeira ao invés do aço se deu, principalmente, pela sua capacidade de reflorestamento, além do aço ser um derivado do petróleo. Hoje já conseguimos zerar todo o carbono operacional no canteiro e na fabricação, e estamos buscando agora ampliar esse processo para a linha de produção, seja em transporte ou armazenamento”, explica o engenheiro mecânico do projeto, Paulo Curió.

Outra inovação trazida pela empresa é a presença de um conforto térmico e acústico superior aos métodos convencionais. Pela composição das paredes em sete camadas e os materiais utilizados, a variação térmica da residência é de apenas um grau – ou seja, ela sempre se mantém em uma temperatura média de 21º, independentemente da temperatura externa. Isso implica em um consumo de energia reduzido.

Por Diones As

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