A Caixa teve lucro de R$ 2,587 bilhões no segundo trimestre, alta de 62,8% em relação ao mesmo intervalo de 2016. No primeiro semestre, o lucro foi de R$ 4,1 bilhões, com crescimento de 69,2% e atingindo patamar recorde, conforme balanço apresentado nesta terça-feira. Essa informação havia sido antecipada pelo Valor no último dia 5, com base em informações prestados pela Caixa ao Banco Central (BC).
O resultado operacional do segundo trimestre foi de R$ 2,1 bilhões, um aumento de 474,1%.
A carteira de crédito expandida cresceu 3,5% na comparação anual, a R$ 715,9 bilhões, mas a alta ante o primeiro trimestre foi de apenas 0,1%. Segundo a Caixa, o crescimento das operações de habitação, hab saneamento e infraestrutura, e crédito consignado foram os principais responsáveis pela evolução da carteira no período.
A inadimplência caiu 0,32 ponto no trimestre, a 2,51%, e teve queda de 0,68 ponto na comparação anual.
As despesas de pessoal subiram 6,4% na comparação com o segundo trimestre de 2016, para R$ 10,7 bilhões, desconsiderando o impacto do programa de demissão voluntária implementado no primeiro trimestre.
A margem financeira avançou 10,7%, para R$ 12,946 bilhões. A despesa com provisão para devedores duvidosos encolheu 27,1%, somando R$ 4,560 bilhões. Já o retorno sobre patrimônio (ROE) ficou em 9%, ante 7,5% no primeiro trimestre de 2017 e 9,7% no segundo trimestre de 2016.
Crédito habitacional
A carteira de crédito habitacional da Caixa somava R$ 421,426 bilhões ao fim hab do segundo trimestre, alta de 2,1% em relação aos três meses antecedentes e expansão de 7% perante igual período do calendário anterior.
Os créditos concedidos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) representavam R$ 221,9 bilhões. Já as operações de crédito com recursos da Caixa, SBPE, apresentavam saldo de R$ 199,5 bilhões. O banco ganhou 1,3 ponto percentual de participação no mercado imobiliário, mantendo a liderança, com 68,1% de participação.
“As operações comerciais com pessoas físicas e pessoas jurídicas totalizaram R$ 182,7 bilhões, redução de 6,6% em 12 meses, impactadas principalmente pelo segmento pessoa jurídica, que apresentou queda de 10,2% em virtude da menor demanda por crédito”, diz o banco no seu balanço.
Os ativos totais da Caixa cresceram 5,8% no ano, para R$ 2,2 trilhões, enquanto os ativos próprios aumentaram 5,2%, para R$ 1,3 trilhão. Já o patrimônio líquido teve expansão de 6,4%, para R$ 65,9 bilhões.
Ressalvas
O balanço da Caixa relativo ao segundo trimestre recebeu ressalva da PwC. Segundo os auditores, ainda não é possível saber qual o impacto das investigações conduzidas pelo banco para apurar indícios de fraudes de administradores e ex-administradores apontados nas operações da Polícia Federal (PF) Cui Bono? Sepsis e Patmos.
“Considerando que as ações relacionadas à investigação desses assuntos estão em andamento, os possíveis impactos decorrentes da resolução desses temas não são conhecidos. Consequentemente não foi possível determinar se havia necessidade de ajustes ou divulgações adicionais relacionados a esse assunto sobre as demonstrações contábeis consolidadas de 30 de junho de 2017”, afirmou a PwC no relatório.
De acordo com nota explicativa no balanço da Caixa, o banco tem conduzido apurações internas e, em agosto, o conselho de administração decidiu contratar um escritório de advocacia para fazer uma investigação independente. O tema será acompanhado por um comitê independente, “com a finalidade de garantir que os trabalhos sejam desenvolvidos sem quaisquer interferências indevidas”, disse a Caixa.
O banco afirmou que ainda não há uma conclusão sobre os possíveis impactos decorrentes dessa investigação.
A operação Cui Bono? investiga um esquema de fraudes na liberação de crédito pela Caixa que teria ocorrido pelo menos entre 2011 e 2013, quando Geddel Vieira Lima foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco. Já a Sépsis teve como base delações do ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Fábio Cleto. E a Patmos apura supostos crimes praticados pelo presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves.