Números apresentados são inferiores aos 150 mil imóveis pretendidos inicialmente pelo Palácio do Planalto
O programa “Minha Casa Minha Vida” será ampliado em 50 mil unidades neste ano. O anúncio foi feito pelo presidente Michel Temer a uma plateia de mais de mil empresários do setor da construção civil na noite desta quarta-feira, 16. Apesar do tom de comemoração com o anúncio, os números apresentados são menores que as 150 mil novas unidades desejadas inicialmente pelo Palácio do Planalto. A opção pelas 50 mil casas foi tomada horas antes após semanas de discussões entre a área política e econômica, que sempre lembrou do problema fiscal para reafirmar posição contrária à ampliação do programa.
A boa notícia ao setor foi feita na abertura de Temer no 90º Encontro Nacional da Indústria da Construção, principal evento do setor no Brasil. “Chegamos à conclusão que não poderíamos vir de mãos abanando”, disse Temer. “Eu autorizei hoje de manhã mais 50 mil casas para serem construídas este ano”, completou. Houve reação tímida da plateia, mas o presidente não foi interrompido por aplausos dos empresários. Temer e a presidência da República não forneceram detalhes sobre quais faixas do programa serão beneficiadas. Originalmente, a intenção era beneficiar famílias mais pobres da faixa 1 – que têm renda familiar de até R$ 1,8 mil e pagam prestações mensais entre R$ 80 e R$ 270 por até 120 meses.
Com o incremento anunciado por Temer, o principal programa habitacional do programa federal deve levantar número próximo de 700 mil residências neste ano. O valor já estava dentro das margens anunciadas em fevereiro, quando o governo anunciara que o MCMV tinha como meta construir entre 600 mil e 700 mil unidades em 2018.
Aos empresários, Temer ressaltou que cada casa construída gera, em média, 1,5 emprego. “Portanto, quando nós produzimos quase 700 mil casas durante o ano, estamos pensando não apenas na mobilização da economia e da construção civil, mas também na geração de empregos”, completou.
O próprio presidente da República era o grande entusiasta da ideia de ampliar o programa habitacional. Temer sempre demonstrou simpatia ao uso da construção civil como elemento indutor para acelerar o crescimento da economia. Com esse objetivo, o MCMV era defendido porque consegue incentivar a atividade ao mesmo tempo em que potencializa um dos programas governamentais com maior apelo popular. Além disso, a ampliação do MCMV é encarada como uma importante iniciativa política para acenar aos empresários da construção civil e principalmente aos prefeitos e governadores em ano de eleição.
Economicamente, porém, a intenção de Temer sempre sofreu resistência. Diante da frágil situação das contas públicas, o Ministério da Fazenda manteve posição firme nos debates que não haveria recursos para a iniciativa, principalmente na faixa 1 – que exige maior desembolso do Tesouro Nacional .