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Produzir habitação para idosos é um desafio mundial

Idosos andam de mãos dados em foto que representa o amor no "The Photographic Dictionary". Foto: David Perez Facorro/Reprodução

Idosos andam de mãos dados em foto que representa o amor no "The Photographic Dictionary". Foto: David Perez Facorro/Reprodução
Idosos andam de mãos dados em foto que representa o amor no “The Photographic Dictionary”. Foto: David Perez Facorro/Reprodução

O envelhecimento da população é um fenômeno comum tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento, com tendência de aceleração. Investidores e operadores do mercado imobiliário devem ficar atentos às oportunidades que se apresentam em função desta mudança demográfica mundial sem precedentes.

Na China, essa questão ganha contornos acentuados. Em 2015, o país abandonou a política do filho único –35 anos após a sua implantação–, percebendo que a equivocada decisão poderia trazer graves ameaças para o seu desenvolvimento econômico. Esse modelo dava a uma única criança a responsabilidade de, no futuro, cuidar dos pais e de quatro avós.

A média mundial de expectativa de vida aumentou consideravelmente, passando de 49 anos, em 1955, para 72 anos, em 2016. Por volta do ano de 2040, a população mundial de pessoas com mais de 65 anos deve chegar a 1,3 bilhão de pessoas, o dobro de hoje. Nos países desenvolvidos, o número de sexagenários supera, pela primeira vez na história, a população com idade inferior a 15 anos. Dois terços dos idosos do mundo vivem nos países em desenvolvimento.

Ainda mais impressionante é o crescimento que ocorrerá no grupo de pessoas com mais de 80 anos, que deve triplicar nos próximos 35 anos, elevando-se de 1,7% para 4,5% da população mundial em 2050.

É importante perceber que o envelhecimento populacional traz importantes mudanças de comportamento, capazes de influenciar decisivamente o desempenho da economia.

Estudos conduzidos pela “Oxford Economics”, nos EUA, mostraram, por exemplo, que o custo anual com cuidado de idosos em casa aumentará, em 2070, em mais de US$ 325 bilhões (R$ 1,02 trilhão) em relação ao que se gasta hoje. Por outro lado, os gastos com educação superior deverão decrescer em US$ 90 bilhões (R$ 284 bilhões), e a redução de dispêndio em restaurantes e similares atingirá aproximadamente US$ 75 bilhões (R$ 237 bilhões) anuais.

Propriedades imobiliárias representam, hoje, cerca de 40% dos ativos das pessoas com mais de 65 anos em países desenvolvidos. À medida que esse grupo crescer, haverá mudança expressiva na funcionalidade e no nível de demanda por produtos imobiliários.

De um modo geral, o envelhecimento da população resultará em diminuição na demanda por alojamento para estudantes e para a primeira residência, mas aumentará a demanda por segundas residências, locais de varejo acessíveis, habitações e comunidades para idosos.

Embora as pessoas queiram viver de forma independente o maior tempo possível, chega um determinado momento em que a mudança para uma habitação especificamente projetada e idealizada para idosos acima de 80 anos pode ser inevitável.

Embora as oportunidades de investimento para moradia de idosos variem significativamente de um país para outro, o envelhecimento da população está estimulando a criação de oportunidades atraentes no mercado imobiliário para investimento em comunidades para idosos com vida independente, semelhantes aos apartamentos tradicionais, mas com a oferta de serviços de alimentação, tarefas domésticas e atividades recreativas e, também, comunidades com vida assistida e serviços de apoio adicionais. Em geral, atendendo a indivíduos que precisam de assistência diária de serviços, mas não requerem cuidados de enfermagem.

No Brasil, esse fenômeno tem consequências semelhantes àquelas que ocorrem no resto do mundo, e o mercado de habitação para idosos, em suas diversas formas e com enorme potencial de crescimento, deve ser cuidadosamente avaliado pelos investidores imobiliários.

Fonte: Coluna do Claudio Bernardes/ Folha de S. Paulo