Pesquisa indica que 8,27 milhões de pessoas, de 872 Municípios, vivem em áreas de risco

Áreas de Salvador são atingidas pelas fortes chuvas. Na foto, o Bairro do Lobato. Foto: Manu Dias/ Governo da Bahia

Mais de 8,27 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco, em 872 Municípios do país, diz pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Divulgada nesta quinta-feira, 28 de junho, a publicação População em áreas de risco no Brasil mostra que 2.471.349 domicílios particulares permanentes não são considerados seguros e 17,8% dos moradores dessas áreas são idosos ou crianças, os grupos etários mais vulneráveis.

De forma inédita, o IBGE e a Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) cruzaram dados do Censo Demográfico de 2010 com informações do Cemaden. As áreas de riscos de movimentos de massa, inundações e enxurradas monitoradas por este órgão foram associadas, e a metodologia deve ser replicada com os dados do Censo 2020.

Dos Municípios analisados, 107 estavam na região Norte, 294 no Nordeste, 308 no Sudeste, 144 no Sul e 19 no Centro-Oeste. A Região Sudeste contabilizou 4,26 milhões de pessoas em áreas de riscos, e foi a região com o maior número, com destaque para São Paulo e Minas Gerais, com 1,52 milhão e 1,37 milhão de pessoas. No entanto, Salvador foi o Município monitorado com o maior número de moradores em áreas de risco: 1.217.527 pessoas, ou 45,5% da sua população.

Serviços básicos
Ao relacionar áreas de risco e esgotamento adequado, a publicação mostra que 26,1% da população em área de risco morava em domicílios sem acesso à rede geral de esgoto ou fossa séptica, consideradas formas de esgotamento adequadas. Por região, o Norte apresentou os números precários, 70,7% dos moradores em áreas de risco estavam e nesta situação. Os Estados do Amapá e do Pará foram os que registraram mais moradores sem esse tipo de serviço, com 83,7% e 75,5%, respectivamente.

Nas demais regiões, os porcentuais foram: região Nordeste, 34,5% dos moradores em áreas de risco possuíam esgotamento sanitário inadequado; Centro-Oeste, 52,5% das pessoas habitavam moradias sem esgotamento sanitário adequado. Sudeste, 17,7% dos moradores em áreas de riscos viviam em domicílios sem esgotamento sanitários adequados; e Sul com 19,7% de pessoas nessas condições.

Lixo
Quando o quesito foi áreas de risco sem destinação de lixo adequada, o Maranhão o foi o Estado com mais apontamentos. Nos 872 Municípios avaliados, 4,1% de moradores em áreas de risco não possuíam destinação de lixo adequada. No entanto, o Norte apresentou maior porcentual de moradores reunindo essas duas características: 14,1%, com o Nordeste a seguir (6,6%). As demais Grandes Regiões apresentaram valores inferiores a 3,0%.

A caracterização da população vulnerável a desastres naturais tem como objetivo subsidiar ações de monitoramento, elaboração de alertas e a gestão de riscos e respostas a desastres naturais. Para visualizar os dados, acesse também o aplicativo. Já a população exposta ao risco de desastres naturais foi analisada segundo seu perfil sociodemográfico, distribuição etária e condições de acesso a serviços básicos – abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo.

Danos Humanos
O estudo indicou ainda quantidade elevada de moradores em áreas de risco em algumas regiões que enfrentaram tragédias após impactos decorrentes de deslizamentos causados por tempestades. Na região serrana do Rio, Petrópolis tinha 72 mil, Teresópolis 45,7 mil e Nova Friburgo 33,6 mil.

tabela_Defesa_CivilPreocupada com o grande número de pessoas vítimas desses desastres, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizou um estudo que compreendeu o período de 2012, quando foi criada Lei 12.608 em 2012, a 2015. Foram identificadas 53,6 milhões de afetados e 864 vítimas fatais, contando com a tragédia da boate Kiss localizada no Município de Santa Maria (RS), em 2013, quando 242 pessoas perderam suas vidas num incêndio. Os dados confirmam que as ações de monitoramento e gestão de riscos não têm sido suficientes para evitar os danos humanos em nosso país.

Com informações do IBGE, SEDEC/MI e a ABr

Fonte: Confederação Nacional de Municípios