Estado usa de construção off-site a BIM para criar habitação social responsável no contexto da COP 30.
Em um ano crucial para as discussões climáticas globais, com a proximidade da COP 30, o Governo de São Paulo demonstra avanços significativos na produção de moradia popular aliada à responsabilidade ambiental. O estado tem implementado um planejamento robusto que integra eficiência e soluções inovadoras, provando ser possível unir desenvolvimento urbano e sustentabilidade.
A revolução da construção industrializada e BIM
Uma das frentes de maior destaque é a adoção de métodos construtivos industrializados. O projeto de construção modular off-site (fora do canteiro de obras) foi recentemente reconhecido com o Selo de Mérito 2025, uma das principais premiações do setor de Habitação de Interesse Social (HIS).
Em março deste ano, o assentamento Mario Covas, em São Simão, recebeu um projeto piloto onde as casas foram pré-fabricadas e apenas montadas no local. Essa tecnologia reduz drasticamente o tempo de obra, a geração de resíduos e a emissão de poluentes.
A meta do Plano Plurianual (até 2027) é ambiciosa:
- Construir 7,5 mil habitações verticais (prédios).
- Construir 7,5 mil habitações horizontais unifamiliares (casas).
- Implementar 100 mil m² de prédios para uso público.
Paralelamente, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) investe na tecnologia BIM (Building Information Modeling). O modelo, que otimiza processos e reduz desperdícios, já foi testado em projetos piloto em Borborema (entregue) e Águas de Lindóia (em obras). O sucesso dessas implantações deve levar, em breve, ao uso do BIM em larga escala em todas as contratações de projetos da CDHU.
Eficiência energética e soluções baseadas na natureza
A sustentabilidade vai além do canteiro. Os novos empreendimentos de moradia popular já incorporam equipamentos economizadores de água e energia. Além disso, há um foco crescente em soluções baseadas na natureza, como jardins de chuva, biovaletas, hortas urbanas e pocket parks, que minimizam o impacto das chuvas e ampliam as áreas verdes.
A eficiência energética é um diferencial da CDHU. Desde 2019, os sistemas fotovoltaicos instalados em unidades habitacionais horizontais geraram um acumulado estimado de 35.871 MWh.
“Esse volume é suficiente para abastecer mensalmente um município como Junqueirópolis (cerca de 20 mil habitantes).”
Atualmente, os sistemas instalados em 18,9 mil moradias geram 1.365 MWh mensais, o que evita a emissão de 74 tCO2 na atmosfera. Isso equivale à absorção de carbono de mais de 9.110 árvores da Mata Atlântica em um ano.
Recuperação social em territórios vulneráveis
As ações de sustentabilidade também focam na recuperação de áreas degradadas e na melhoria da qualidade de vida. Programas como o Viver Melhor e o Vida Digna combinam requalificação habitacional com obras de infraestrutura (drenagem, saneamento) e arborização.
Na Baixada Santista, por exemplo, o Programa Vida Digna está em processo de remoção de aproximadamente 3 mil famílias de palafitas e áreas de risco. A iniciativa promove a recuperação socioambiental dos manguezais e garante atendimento habitacional para todas as famílias envolvidas, transformando a realidade local.
Iniciativas específicas também garantem o direito à moradia popular digna para povos tradicionais:
- Programa Moradia Indígena: Já substituiu 612 moradias precárias em 11 terras indígenas, respeitando os hábitos culturais de cada aldeia.
- Programa Moradia Quilombola: Atende comunidades tituladas pelo ITESP, assegurando a permanência no território com habitação adequada.
O engajamento social é fortalecido por ações como o Pomar Urbano, que já plantou mais de 5 mil mudas frutíferas em 50 municípios, e o Trabalho Técnico Social, que promove a conscientização ambiental em mais de 120 assentamentos.
Planejamento urbano integrado para 2040
A visão de futuro da moradia popular em São Paulo está consolidada em dois grandes instrumentos de planejamento territorial.
O Bairro Paulista Cidades Sustentáveis, que completa um ano em novembro de 2025, foca na melhoria de núcleos habitacionais com Soluções Baseadas na Natureza (SbN). Após um projeto-piloto bem-sucedido em Araçoiaba da Serra, que transformou uma área de descarte de resíduos em espaço de lazer, a secretaria já ultrapassou o patamar de 700 pleitos de cidades interessadas. As intervenções preveem ganhos ambientais claros, como a economia de 40% a 60% de energia com a instalação de iluminação LED.
O segundo instrumento é o Plano de Desenvolvimento Urbano e Habitação (PDUH 2040). Ele busca alinhar as políticas urbanas e habitacionais de todo o estado, orientando investimentos em infraestrutura, mobilidade e adaptação às mudanças climáticas. O governo segue ouvindo gestores e a população para reforçar o compromisso com um planejamento integrado e sustentável para as próximas décadas, onde a moradia popular é pilar central.
Por Abc do Abc
Moradia popular em São Paulo inova com sustentabilidade ABC do ABC
