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Fórum de Habitação segue no segundo dia com debate sobre inovação e sustentabilidade na Habitação Social

Secretário Nacional de Habitação destaca transformação digital no Minha Casa Minha Vida durante painel que apresentou cases premiados de empreendimentos sustentáveis

O painel “Nova Concepção de HIS – por um Modelo Sustentável”, mediado por Emília Corrêa Lima, presidente da CEHAP PB, foi um dos destaques do segundo dia (18/09) do Fórum Nacional de Habitação de Interesse Social. A mesa contou com a presença de Augusto Rabelo, Secretário Nacional de Habitação; Raul de Oliveira Gomes, Superintendente Nacional de Habitação da CAIXA; Daniela Ferrari, do Sinduscon-SP e Construtora Tenda, e Catarina Torquato Rocha, da WCR Empreendimentos. O painel também contemplou a apresentação de projetos premiados pela ABC Habitação com o Selo de Mérito 2025.

Emília Corrêa abriu os trabalhos com uma reflexão sobre a necessidade de evolução constante. “Se a gente não muda para responder à realidade, a realidade nos engole. Ou a gente está melhorando, ou a gente está piorando. Nunca ficamos bons”, avaliou ela. Este tom de reinvenção permeou todo o debate.

CAIXA apresenta inovações em programas habitacionais
Raul de Oliveira Gomes, da Caixa Econômica Federal, destacou o momento “mágico” vivido pela Habitação Social no Brasil, com a retomada de programas como o Minha Casa Minha Vida Rural e Entidades. Ele apresentou duas iniciativas inovadoras. Uma é o Minha Casa Minha Vida Cidades, que organiza a atuação de estados e municípios com subsídios que podem chegar a R$ 110 mil (R$ 55 mil federal + R$ 55 mil estadual/municipal), permitindo que famílias com renda de R$ 1.650,00 adquiram imóveis de R$ 180 mil com prestações de R$ 332,00. Outra, é o Compra Assistida, programa emergencial criado para o Rio Grande do Sul que já beneficiou mais de 6 mil famílias com moradias 100% subsidiadas, sem entrada e sem prestações.

Secretário Nacional destaca revolução digital no MCMV
Augusto Rabelo, Secretário Nacional de Habitação, apresentou dados robustos do Minha Casa Minha Vida: 605 mil financiamentos em 2023, um recorde histórico, com destaque para a mudança do perfil dos beneficiários. Agora, o programa atende majoritariamente famílias entre as faixas 1 e 2, com renda mais baixa, diferente de anos anteriores onde predominava a faixa 2. “Estamos promovendo uma revolução silenciosa, mas profundamente transformadora, na vida das famílias brasileiras. Através de ajustes precisos e inovações ousadas, estamos democratizando o acesso à moradia digna para quem mais precisa”, disse ele.

Rabelo detalhou as inovações implementadas na Secretaria Nacional de Habitação, como a desburocratização de processos, a criação do Compra Assistida, o fortalecimento do MCMV Cidades, a elaboração do novo programa de Melhorias Habitacionais com recursos do Fundo Social do pé-sal e a criação de um grupo de trabalho para tratar de desburocratização, inovação e industrialização.

Setor privado aponta caminhos para industrialização
Daniela Ferrari, diretora do Sinduscon-SP e da Construtora Tenda, destacou a industrialização como caminho inevitável para superar a carência de mão de obra e escalar a produção de habitação social no país.

“Mais do que uma inovação, a industrialização é uma necessidade urgente para o setor. Na Tenda, comprovamos na prática que tecnologias como parede de concreto e wood frame reduzem drasticamente o tempo de obra e elevam a produtividade, de 8 funcionários/mês na alvenaria convencional para 2,5 na construção industrializada. Isso significa entregar mais e melhor, com qualidade superior e custos controlados.

Mas não basta inovar – é preciso padronizar. Defendemos a normatização técnica como base para projetos sustentáveis e replicáveis, considerando as particularidades bioclimáticas do Brasil. A chave para viabilizar esse salto tecnológico está na parceria entre poder público e iniciativa privada, com programas como o Minha Casa Minha Vida Cidades, que reduz a barreira da entrada e torna a industrialização economicamente viável.

Estamos levando esse modelo para nove estados, inclusive com previsão de chegar à Paraíba ainda este ano. É assim que vamos transformar a habitação social: com escala, eficiência e compromisso com quem mais precisa.”

Cases premiados reforçam sustentabilidade
Os projetos premiados com o Selo de Mérito 2025 apresentados nesse painel demonstraram aplicações concretas de inovação e sustentabilidade. A CEHAP-PB apresentou as Casas Sustentáveis no sertão paraibano, com reuso de água (economizando 30% do consumo), energia solar e design bioclimático, tudo por R$ 79 mil por unidade.

A COHAB Santista e a Prefeitura de Santos apresentaram o Parque das Palafitas, solução inédita no Brasil para urbanizar a maior favela de palafitas do país (3.616 unidades) através de lajes sob estacas, tecnologia portuária adaptada para moradia que preserva o mangue e mantém as comunidades em seu local de origem.

A Secretaria de Habitação de São Bernardo do Campo mostrou o Compra Assistida aplicado ao Programa Pró-Moradia, com aquisição de imóveis usados para famílias removidas de áreas de risco e subsídio municipal que limita a prestação a 20% da renda familiar.

WCR compartilha jornada sustentável com Selo Azul CAIXA
Catarina Torquato Rocha, da WCR Empreendimentos, narrou a trajetória de cinco empreendimentos pioneiros em Campina Grande que conquistaram o Selo Azul CAIXA. Com dados concretos, demonstrou como implementou sistemas de reuso de águas pluviais que reduzem em 30% o consumo hídrico, energia solar fotovoltaica que cobre 80% das áreas comuns e soluções bioclimáticas que dispensam ar-condicionado na maioria das unidades.

“Superamos desafios logísticos para trazer madeira certificada de outros estados e desenvolvemos projetos com 40% mais áreas verdes que o exigido por lei. Cada certificação representa não apenas um selo, mas uma transformação real na vida das pessoas e do meio ambiente”, destacou Catarina.

O painel evidenciou que estas iniciativas concretizam a profunda transformação da habitação social brasileira, onde inovações deixam o papel para se tornar realidade com foco na sustentabilidade prática e nas reais necessidades das famílias. “Estamos testemunhando a materialização de um novo paradigma construtivo, em que qualidade ambiental e social caminham juntas, redefinindo o significado de moradia digna no século XXI”, sintetizou a mediadora Emília Corrêa.