A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) espera que haja mudanças no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, neste ano, “agregando novos conceitos”, segundo o presidente da entidade, José Carlos Martins. O representante setorial comparou que, enquanto a primeira fase do programa se concentrou na aquisição de imóveis, a próxima precisa ter como foco a moradia, continuando a contemplar a compra, mas incluindo possibilidades como locação.
“Temos de agregar diversas propostas para que seja um programa de moradia e não somente o Minha Casa, Minha Vida”, disse Martins, durante divulgação de levantamento da CBIC sobre lançamentos e vendas de imóveis no primeiro trimestre. No próximo dia 4, a entidade vai levar propostas aos ministérios do Desenvolvimento Regional e da Economia para ampliação do programa.
Ao ser questionado sobre como avalia informações divergentes que têm circulado em relação aos rumos do Minha Casa, Martins leu mensagem recebida do ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, no WhatsApp, em que o representante do governo pediu que não fossem tiradas conclusões precipitadas. Segundo a mensagem lida pelo presidente da CBIC a jornalistas, Canuto citou que o programa tem dez anos e “não se altera de forma assodada, sem ouvir diversos setores”.
Na avaliação do presidente da CBIC, foram lançados “alguns balões de ensaio” em relação a alterações do programa, como a utilização de terrenos públicos e a locação de imóveis. Essas possibilidades precisam ser complementos ao que já existe, no entendimento de Martins. O representante setorial ressaltou que o Minha Casa, Minha Vida foi criado, há dez anos, como programa anti-cíclico em relação aos efeitos da crise de 2008.
Para o presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, “vai haver uma mexida no Minha Casa, Minha Vida”. Petrucci destacou que os recursos do Fundo de Garantia do Tempo Imobiliário (FGTS), principal fonte de renda para habitação popular, estão mantidos, enquanto os da poupança têm crescido. Segundo Petrucci, a habitação de mercado vai puxar a expansão do setor neste ano. No primeiro trimestre, a participação do programa habitacional nos lançamentos caiu para 30%, ante 51% no quarto trimestre.
De janeiro a março, os lançamentos de imóveis residenciais aumentaram 4,2%, na comparação anual, para 14.680 unidades, conforme a CBIC. Em relação ao quarto trimestre, porém, houve queda de 62,5%. As vendas aumentaram 9,7%, para 28.676 unidades, ante o mesmo período do ano passado, mas caíram 18,9% ante o último trimestre de 2018.
A oferta final de imóveis encolheu 8,6%, em relação ao primeiro trimestre de 2018 e 6% ante o quarto trimestre, para 120.422 unidades. “Ainda não há confiança dos empresários para colocar, no mercado, todos os produtos que têm nas prateleiras. Com isso, a oferta final vem sendo reduzida”, disse Petrucci. Segundo o presidente da CBIC, o setor tem apresentado crescimento “lento e gradual, mas constante desde 2017”. “Gostaríamos de ter um mercado imobiliário muito mais aquecido”, disse.
Martins disse que as reformas são fator decisivo para o mercado imobiliário. Nas estimativas da CBIC, se as reformas forem encaminhadas, o mercado imobiliário crescerá de 10% a 15% neste ano. Em abril, os lançamentos residenciais, em São Paulo, dobraram na comparação anual, disse Petrucci,
Fonte: Valor Econômico