Teresina tenta repensar seu modelo de Cidade, com novos caminhos

Teresina: a hora de repensar um novo modelo de cidade. Foto: SEMPLAN
Teresina: a hora de repensar um novo modelo de cidade. Foto: SEMPLAN
Teresina: a hora de repensar um novo modelo de cidade. Foto: SEMPLAN

Em tempos onde a frase-chave é “passar o Brasil a limpo”, uma questão importante entra na agenda: o modelo urbano das cidades brasileiras. E Teresina entra a tempo no debate, iniciando uma série de discussões sobre o modelo de cidade. O ponto de partida da discussão é óbvio: é preciso mudar o modelo atual. E muito.

A realidade das cidades é claramente o principal argumento para a busca de mudanças: o caos é a regra, com penosa qualidade de vida. Há problema na ocupação do solo, nos modelos habitacionais, nos sistemas de transportes coletivo, na mobilidade.  Em regra, as cidades se espalham e se inviabilizam.

Teresina não escapa desse modelo bem brasileiro.

Aqui a cidade é excessivamente horizontal, o que aumenta absurdamente as distâncias e – junto – o custo de tudo. Na habitação, por exemplo, prevalece o modelo pós-ditadura, de espalhar conjuntos habitacionais (em geral sem a mínima infraestrutura). Para atender um Jacinta Andrade, por exemplo, é preciso quilômetros e quilômetros de rede de esgoto, de rede de energia, de linhas de ônibus etc etc. No final das contas, falta quase tudo – até porque o poder público não tem como bancar esse modelo.

A mescla de funções (área para morar e trabalhar e se divertir) raramente acontece. O Centro se despovoa (e se deteriora). O verde, especialmente importante em uma cidade quente como Teresina, não tem a valorização devida. Basta lembrar: a chamada Cidade Verde não tem um único grande parque verde na área urbana. Falta verde na cidade verde – que fica refém dos quintais, cada vez mais substituídos por edifícios que sequer cultivam jardins.

A cidade chegou no limite, em xeque diante de um modelo completamente dissociado da busca de qualidade de vida. Mas ainda há tempo.

É aí que a administração municipal abre o debate e começa a discutir mais a fundo qual cidade precisamos. Vale notar: não é a cidade que queremos, mas a que precisamos. E destaco essa diferença a partir de um item: o asfalto. Se perguntar aos teresinenses, a maior parte vai dizer que deseja asfalto na frente de casa, sem avaliar outras alternativas (como piso com lajotas – comum em várias partes do mundo) tampouco sem analisar o impacto do asfalto no escoamento das águas ou na temperatura da cidade.

Daí a pergunta deve ser: de qual cidade precisamos?

No debate que a PMT pretende desenvolver nos próximos meses, o enfoque recairá sobre cinco eixos que vão conformar um novo modelo:

Inclusão Social: o que é preciso assegurar ao cidadão, como direito elementar dentro da cidade?
Qualidade de Vida: o que precisamos fazer (criar, inventar!!!) para vivermos melhor?
Sustentabilidade Ambiental: parece elementar, ainda mais na nossa Cidade Verde, mas não tem sido. Sustentabilidade não é discurso; é necessidade.
Produtividade Econômica: a cidade carece de um modelo que se traduza em oportunidades.
Governança: a eficiência na gestão também é imprescindível.

A expectativa é que essa discussão tenha ampla participação popular. Tomara. E também tomara que o debate seja guiado não pelas querelas políticas, e sim pelas necessidades de uma cidade que – como quase todas no país – pede socorro.

Fonte: Portal Cidade Verde