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72º Fórum de Habitação: Minha Casa Minha Vida bate recorde de contratos mas desafios permanecem

Secretário Nacional de Habitação Augusto Rabelo anuncia discussões com Banco Central e Ministério da Fazenda para novas fontes de financiamento, enquanto setor privado cobra desburocratização e industrialização.

Em um dos painéis mais aguardados do 72º Fórum Nacional de Habitação de Interesse Social, encerrado nesta sexta-feira (19/09) em João Pessoa, especialistas e autoridades governamentais traçaram um panorama detalhado do Programa Minha Casa Minha Vida, com dados recordes mas também alertas sobre obstáculos estruturais que ainda impedem a iniciativa de atingir todo seu potencial.

Mediado por Jorge Lange, presidente do Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano, o debate contou com a presença do Secretário Nacional de Habitação Augusto Rabelo, do Superintendente Nacional de Habitação da CAIXA Raul de Oliveira Gomes, da presidente da ABC Habitação Maria do Carmo Avesani Lopez, do co-presidente da Construtora Pacaembu e representante do Sinduscom-SP Victor Almeida e do diretor do Grupo Delta e representante do Sinduscon-JP Roberto Franca Gadelha.

Desempenho recorde e novos patamares
Raul Gomes, da CAIXA, revelou números impressionantes. “Em agosto de 2025, batemos todos os recordes com R$ 8,2 bilhões em financiamentos à produção em um único mês. Estamos caminhando para fechar o ano com crescimento de 15% em relação a 2024”, afirmou. Ele destacou que os recursos de tesouraria e funding alternativo já respondem por R$ 20 bilhões em operações, mostrando a diversificação das fontes de financiamento.

O Secretário Augusto Rabelo também mostrou dados animadores. “Temos um compromisso do presidente Lula de transformar o Minha Casa Minha Vida em política de Estado permanente. Estamos em discussões avançadas com Banco Central e Ministério da Fazenda para criar um novo sistema de financiamento que eleve o crédito imobiliário de 10% para 20% do PIB”, destacou.

Rabelo também anunciou novidades para 2026. “Estamos criando um grupo de trabalho específico para desburocratização, industrialização e inovação. Também vamos lançar em breve as portarias do Minha Casa Minha Vida Rural e Entidades, com processos simplificados”, adiantou.

Desafios estruturais
Victor Almeida, da Construtora Pacaembu, alertou para a necessidade urgente de desburocratização. “Um estudo da Fiesp mostra que 13% do custo do imóvel é burocracia. Precisamos enfrentar esta realidade para conseguir oferecer moradia a preços acessíveis”. Ele citou o caso de Campinas, segunda maior cidade de São Paulo, que aparece em oitavo lugar no ranking de financiamentos habitacionais da CAIXA devido a entraves regulatórios.

Maria do Carmo Avesani Lopez, da ABC Habitação, fez um apelo por maior padronização das leis municipais: “Cada município tem sua própria legislação, o que encarece e atrasa os projetos. Precisamos de um esforço nacional para harmonizar essas normas”, disse ela.

Inovações e perspectivas
Roberto Franca Gadelha, do Grupo Delta, compartilhou cases de sucesso. “Em João Pessoa, entregamos mais de 12 mil unidades e temos 5.070 em construção. O programa transformou não apenas as famílias, mas toda a economia local. Cada habitação significa geladeira, fogão, móveis novos”, afirmou.

Sobre o 72º Fórum Nacional de Habitação
O evento é realizado pela ABC Habitação e Fórum Nacional de Secretários de Habitação, com apoio do Governo da Paraíba, CEHAP-PB e Prefeitura de João Pessoa.