Locação social no MCMV é aposta para desenvolver PPPs no setor de habitação

Modelo prevê a construção de imóveis pelo setor privado que poderá gerar receitas com venda de parte deles e aluguel para pessoas de baixa renda e estabelecimentos comerciais

Uma nova fronteira de PPPs sociais deve começar a ser aberta a partir deste ano no País, com a primeira parceria entre governos e iniciativa privada para um projeto de locação social dentro do programa MCMV (Minha Casa, Minha Vida).

O modelo prevê a construção de imóveis pelo setor privado que poderá, ao longo do contrato de parceria, gerar receitas com venda de parte deles e aluguel para pessoas de baixa renda e estabelecimentos comerciais, entre outras receitas. O parceiro privado será obrigado a fazer os serviços de manutenção e conservação ao longo do contrato.

Dois projetos pilotos desenvolvidos pela Secretaria do PPI (Programa de Parceria em Investimentos) da Casa Civil da Presidência da República com os municípios de Recife, em Pernambuco, e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, estão em estágio avançado. A expectativa é que elas sejam leiloados ainda neste ano.

“É uma mudança de paradigma. O Ministério das Cidades demandou para que possamos fazer esses dois pilotos e a partir daí construir uma política, um modelo a ser replicado em todo o País”, disse Marcus Cavalcanti, secretário do PPI, à Agência iNFRA.

A locação social já foi inserida como uma nova linha de atendimento do MCMV na Lei 14.620/2023, mesmo ainda estando em modelo de teste, lembrou o secretário. 

“Este avanço proporcionar o desenvolvimento da locação social em escala nacional, e estrutura a criação de mais uma alternativa ao enfrentamento à problemática habitacional”, defendeu o Ministério das Cidades. 

No caso de Recife, o projeto já está mais adiantado. Com estimativa de R$ 180 milhões em investimentos para a construção de 1,2 mil imóveis, a estimativa é que 700 sejam destinadas à locação social e outros possam ser comercializados, como forma de reduzir as contraprestações governamentais. Imóveis da União também entraram no projeto como contrapartida.

COMPONENTE DO DÉFICIT HABITACIONAL

O secretário adjunto de infraestrutura social e urbana do PPI, Manoel Renato Machado Filho, disse que o projeto busca ajudar a sanar um componente do déficit habitacional do País, que é produzir imóveis para grupos que podem pagar parcialmente o aluguel, especialmente em áreas mais urbanizadas, mas não têm interesse na compra. 

O outro é evitar a manutenção contínua dos imóveis para locação social pelo parceiro privado e que eles não tenham uma rápida degradação. Isso cria em algumas regiões “preconceito contra o programa”.

De acordo com o Ministério da Cidades, para receber o apoio do governo federal para estudar PPPs nessa área, o ente público deve manifestar o interesse em acessar o recurso, seguido da apresentação das informações preliminares da proposta de PPP. 

Nesse pedido, devem ser contemplados aspectos econômicos e financeiros, operacionais e institucionais, além da indicação de escopo e imóveis a serem destinados para o projeto, inclusive possíveis imóveis da União. 

O financiamento para os estudos será por meio do FEP (Fundo de Apoio à estruturação de Projetos de Concessões e PPPs). Segundo o ministério, há uma perspectiva de destinação de R$ 28 milhões para a estruturação de novos pilotos a serem selecionados.

O secretário adjunto do PPI, Manoel Renato Machado Filho, explicou que a expectativa com esse projeto é ir crescendo aos poucos. Ele também poderá ser utilizado em outra política ligada à habitação, que é a de recuperação de centros urbanos.

A ideia é que o modelo possa também ser inserido em dois projetos que a União está participando com os municípios de Belo Horizonte e Rio de Janeiro para a recuperação do Aeroporto Carlos Partes e da Estação da Leopoldina, respectivamente. O projeto de Belo Horizonte deverá ser estruturado no FEP e o do Rio de Janeiro pelo BNDES.

Segundo o secretário Marcus Cavalcanti, a ideia nesses dois projetos de maior porte é que a União ceda os imóveis com um plano de negócios previamente concebido, a ser executado, para que possa dar a oportunidade do projeto servir às políticas públicas estabelecidas. 

Cavalcanti também defendeu que os projetos de recuperação das áreas degradadas possam ser feitos com um mix de tipos diferentes de imóveis, para que seja possível atrair públicos diferentes e assim fomentar o comércio e o serviço nessas regiões.

Por Dimmi Amora –  Agência Infra