Assunto foi discutido durante o 96º Cenic, em São Paulo, e esta seria a principal alternativa para que a população de baixa renda pudesse ter acesso à moradia popular
Com o déficit habitacional estimado em sete milhões de moradias, os empresários do setor estão discutindo alternativas de como enfrentar esse desafio e garantir recursos permanentes para programas que combatam o problema, acabando com ciclos de instabilidade. Em painel realizado no 96º Enic (Encontro Nacional da Indústria da Construção), dirigentes de entidades e de construtoras consideraram essencial que governos federal, estadual e municipal tenham marcos legais para subsidiar habitações de interesse social. O evento foi realizado pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) em São Paulo.
“O mercado de habitação de interesse social depende de duas coisas: crédito e subsídios. Sem isso, não fica em pé”, avaliou o presidente da CHIS (Comissão de Habitação de Interesse Social) da CBIC, Carlos Henrique Passos. Para ele, a habitação social não pode depender unicamente de financiamento. Ele entende que o subsídio é “o grande nó” para resolver esse problema.
“O grande desafio de todos nós é fazer uma corrente para levar o valor político da habitação social para que entre no orçamento dos governos no tamanho possível para cada um”, afirmou. “Temos certeza da existência desse mercado. O desafio é gerar um produto que caiba no bolso das pessoas”, completou.
O presidente executivo do Secovi-SP, Ely Wertheim, afirmou que o número de habitações do Minha Casa, Minha Vida foi o que mais cresceu no município de São Paulo, motivado por incentivos da prefeitura. “De cada dez apartamentos do Minha Casa, Minha Vida, oito são fabricados pela iniciativa privada. A prefeitura compra para repassar à população”, disse. “Na cidade de São Paulo, se não tiver subsídio, não funciona”, completou.
Em Goiás, os subsídios para habitação social partem dos governos federal, do Estado e município. Além disso, Renato Correia, vice-presidente da Região Centro-Oeste da CBIC, afirmou que a mudança no código de edificações facilitou a construção de moradias. Para ele é necessário identificar um novo modelo que tenha previsibilidade, para que o enfrentamento ao déficit habitacional do país seja contínuo.
“Vamos conviver com sete milhões de brasileiros sem moradia até quando?”, perguntou. “Nós somos instrumento de solução do problema. Como setor da construção temos de desafiar os líderes políticos e nos desafiar a ter zero déficit de habitação, zero falta de saneamento para a população. Se não formos capazes disso, ninguém será”, afirmou Renato Correia.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, que mediou o debate do painel “Futuro do mercado imobiliário de interesse social”, ressaltou a importância da união e da representação institucional do setor. Uma entidade forte, segundo ele, permite resultados que uma construtora sozinha não conseguiria. “Temos avançado. As entidades estão cada vez mais fortes e o setor mais unido em busca do bem comum”, afirmou Martins. “Estamos trabalhando para fazer o bolo crescer. Quando o bolo cresce, a fatia de todos também cresce”, completou.
Este painel tem interface com o projeto “Melhorias para o Mercado Imobiliário”, da CHIS/CBIC (Comissão de Habitação de Interesse Social), em correalização com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
O 96º Enic foi realizado pela CBIC, com a parceria da Feicon, apoio do Sesi e do Senai, e tem o patrocínio da CEF (Caixa Econômica Federal), Sebrae, Mútua, Zigurat, Totvs, Mais Controle, CV, Sienge, Orçafascio, Kone, PhD Engenharia, Alto QI, Acate, Brain e Ingevity.
Fonte: Agência CIBC
https://cbic.org.br/modelo-para-habitacao-social-deve-garantir-subsidios-e-previsibilidade/