Durante evento realizado em Brasília os candidatos responderam a perguntas de empresários do setor
A Coalização pela Construção, formada por 26 entidades da indústria da construção, promoveu o debate com os candidatos à presidência da República nesta segunda-feira (06) sobre o futuro da construção civil no Brasil. O encontro’ Futuro do Brasil na Visão dos Presidenciáveis 2018’ foi marcado pela proposição de projetos e ideias promissoras para reaquecer o setor e resgatar o desemprenho das políticas habitacionais no país. Representantes da Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos de Habitação (ABC) participaram do evento em busca de uma agenda estratégica para retomar os investimentos e seleções dos programas habitacionais de interesse social do Governo Federal.
Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, que representou a Coalizão da Construção no discurso de abertura, o setor da construção ou é a locomotiva ou o freio da economia nacional. Em 2017, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor da construção (0,5%) acabou puxando o PIB nacional para baixo, mesmo após sua alta (1,0%), “o que demonstra a importância do setor para tentar desenvolver o País”, enfatiza. Somente o programa Minha Casa, Minha Vida gera cerca de 450 mil empregos diretos. Segundo o presidente da CBIC, o setor precisa de segurança jurídica para a aprovação das leis de licenciamento ambiental, e de licitações, pois estão inibindo o investimento da iniciativa privada.
Participaram do debate em painéis individuais os presidenciáveis Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Marina Silva, Henrique Meirelles e Álvaro Dias. Os candidatos destacaram a importância de alguns pontos em comum de suas campanhas como: o crescimento econômico como prioridade para o desenvolvimento do país, a reforma da previdência, geração de empregos, aprimorar o PMCMV e destravar o crédito imobiliário.
Crédito Imobiliário
Os candidatos destacaram a importância da ampliação do crédito imobiliário para além dos dois principais bancos que atuam no segmento, que são Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Em busca da diminuição dos juros do crédito imobiliário, os presidenciáveis propuseram que outros bancos privados participem da oferta de crédito para tornar o mercado mais competitivo e oferecer novas oportunidades.
Para a candidata Marina Silva é necessário retomar o equilíbrio das contas públicas entre orçamento e os gastos. Ela defendeu a reforma tributária e a importância da parceria com o setor privado. E para ampliar a oferta de crédito imobiliária, Marina acredita que é necessária a diversificação das opções de crédito que são concentradas em bancos públicos.
O candidato Geraldo Alckmin aposta na agenda da competitividade que visa a diminuição dos riscos de investimento, desburocratização, estimulo das atividades empreendedoras e aprimoramento de parte da legislação para aumentar a confiança e assim os investimentos do setor privado. Alckmin defendeu as privatizações e as parcerias público-privadas para recuperar esses investimentos.
Ciro Gomes afirmou que o cartel dos bancos que atuam nesse setor deve abrir espaço para a competitividade. “Compreendo a importância central de um mercado financeiro sadio para todos. Mas não posso aceitar o fato de que o Brasil permitiu ao longo dos últimos 15 anos que 85% das operações financeiras do País ficassem concentradas em 5 bancos. Nos EUA, há 5.000 bancos operando”, comparou Ciro.
Álvaro Dias garantiu que o país precisa primeiramente recuperar a credibilidade para garantir parcerias com a iniciativa privada.
O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meireles, já havia lançado na convenção do partido que pretende criar um amplo programa de investimento em infraestrutura urbana e de longa distância, como parte do programa ‘Brasil mais Integrado’. Segundo Meireles, as estratégias pretende acelerar o programa de concessões ao setor privado e melhorar o ambiente de negócios para atrair investimentos. “Não há como se propor uma série de coisas sem resgatar a confiança no Brasil”, afirmou.
MCMV
O programa Minha Casa, Minha Vida que está tendo uma redução grande de contratações nos últimos anos
também foi abordado pelos candidatos.
Segundo a candidata do partido Rede, seu programa de governo irá ampliar a proporção de investimento no setor de infraestrutura, passando dos atuais 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para, pelo menos, 4% do PIB. “O Programa Minha Casa, Minha Vida é uma dívida do País aos brasileiros. Com ele, garantimos não só moradia, mas amparo emocional para a população menos assistida”, destacou Marina.
O candidato Geraldo Alckmin destacou que os postos de trabalho criados pelos programas de habitação de interesse social ajuda no crescimento mais rápido do país com a geração de empregos. O ex-governador de São Paulo destacou que 1% do ICMS recolhido no estado é destinado para o investimento em habitação de interesse social. Para Alckmin investir em infraestrutura reduz melhora a vida da população e gera empregos. “Vocês conhecem o caminho e o setor pode ajudar muito o país a avançar. Então vamos estar permanentemente juntos para fazer o país crescer rapidamente. Temos que sair do marasmo e fazer um crescimento sustentável”, finalizou.
O setor da construção civil tem um papel importante na reviravolta econômica do Brasil, uma vez que responde aos estímulos, cria emprego e gera renda de forma rápida e a custos baixos, de acordo com Ciro Gomes. “Precisamos diminuir despesa e aumentar a receita no Brasil. E, com o setor da construção civil, isso é possível”, frisou.
Já o presidenciável Álvaro Dias disse que c om PMCMV trata-se de uma boa iniciativa, mas com problemas de gestão. Por isso, para ele o programa precisa aprimoramento com previsão de creches e transportes públicos próximos às residências.
Reformas
Para a economia do país voltar a crescer os candidatos à presidência da república acreditam que é necessário realizar reformas para que haja um equilíbrio nas contas do governo, e também para que os investidores possam retomar a confiança no Brasil.
A candidata Marina afirmou quer, se eleita, irá retomar o debate acerca da Reforma da Previdência, abrindo o debate com a sociedade e seu foco será no combate aos privilégios. Em relação à Reforma Tributária, ela acredita que seja uma das medidas necessárias para a melhoria do ambiente de negócios.
Já para o candidato Geraldo Alckmin acredita que seja necessária a realização das reformas tributária, previdenciária, política e de Estado. “A nossa meta é zerar o déficit em menos de dois anos. Política fiscal boa não tem déficit e abre espaço para investimento, daí a necessidade das reformas”, defendeu.
O Brasil ainda precisa avançar em reformas para retomar seu crescimento, segundo ex-ministro da Fazenda. Meirelles destacou que os avanços realizados com a reforma trabalhista foi fundamental para o setor de construção, e reforçou a necessidade de aprovação da Reforma da Previdência e da Reforma Tributária, para melhorar o ambiente de negócios e atrair investimentos. “Temos que diminuir as despesas obrigatórias para voltar a investir. Se conseguirmos aprovar a Reforma da Previdência, conjugado ao teto dos gastos, nossas despesas – que hoje representam 20% do PIB e podem subir para 25% em 10 anos – vão cair para 15%”, analisou.