Na contramão dos bancos privados, Caixa sofre redução no crédito

A estratégia da Caixa de reduzir as operações de crédito com grandes empresas, somada ao desempenho fraco da economia no primeiro trimestre, levou o banco a uma retração de 1,2% na carteira ampliada de empréstimos e financiamentos de dezembro para março. Em 12 meses, a queda foi de 2%. O saldo de operações ficou em R$ 685,842 bilhões.

Com isso, a Caixa foi na contramão dos bancos privados, que mostraram crescimento do crédito no primeiro trimestre, a despeito da desaceleração da atividade. O desempenho da instituição foi mais parecido com o do Banco do Brasil (BB), que também reduziu a carteira no primeiro trimestre, em linha com o objetivo do governo de diminuir a presença do Estado no crédito.

A Caixa avançou em sua atividade principal, o crédito à habitação. Essa carteira encerrou março com R$ 447,351 bilhões, o que representa um aumento de 0,6% em três meses e de 3,3% em um ano. Desse volume, segundo o banco, R$ 269,9 bilhões se referem a financiamentos com funding do FGTS e R$ 177,5 bilhões, com recursos do SBPE (poupança).

De acordo com a Caixa, as contratações no programa “Minha Casa Minha Vida” totalizaram R$ 6,5 bilhões no primeiro trimestre, equivalentes a 61 mil unidades.

O portfólio da Caixa em saneamento e infraestrutura recuou 0,7% no trimestre, mas cresceu 1,3% na comparação com março do ano passado, para R$ 83,723 bilhões.

Na carteira comercial, o saldo no fim de março era de R$ 127,762 bilhões, mostrando queda de 6,9% no trimestre e de 18% num período de 12 meses. As operações com pessoas jurídicas encolheram, respectivamente, 15,6% e 28,2%, para R$ 46,694 bilhões, diante da estratégia do banco de reduzir a exposição a grandes empresas e redirecionar o foco a pequenos empreendedores.

No entanto, também houve redução da carteira de pessoas físicas, em que o banco vem tentando aumentar sua presença com produtos como cartão de crédito e cartão consignado. O estoque de operações com indivíduos era de R$ 81,068 bilhões no fim de março, recuo de 1% no trimestre e de 10,7% em um ano.

O índice de inadimplência na carteira de crédito do banco subiu para 2,47% no fim de março ante os 2,18% apresentados em dezembro. O indicador, entretanto, recuou frente à taxa de calotes de 2,9% registrada no encerramento do primeiro trimestre de 2018. O movimento foi influenciado pela carteira imobiliária, em que a inadimplência estava em 1,81% no fim de março, vinda de 1,31% em dezembro e 2% em março do ano passado.

Na carteira comercial, a inadimplência recuou para 5,16% no fim do primeiro trimestre, ante 5,32% em dezembro e 5,93% em março do ano passado. A taxa de calotes em infraestrutura, por sua vez, piorou. Subiu de 0,87% em dezembro para 1,21% no fim de março. O indicador estava em 1,05% no fim do primeiro trimestre de 2018.

Fonte: Valor Econômico