Estudo FGV propõe que área da Cidade da Copa vire condomínio do Minha Casa Minha Vida

Foi assim: Eduardo Campos era governador de Pernambuco, a Odebrecht estava a mil no estado fazendo estrada pedagiada, refinaria e Trasnordestina. Pernambuco crescia a taxas da China e a Arena Pernambuco estava sendo construída para virar palco da Copa das Confederações.

Foi quando a empresa apresentou o projeto da Cidade da Copa, um novo bairro que deveria ancorar, além da Arena Pernambuco, uma arena indoor, um novo campus educacional da UFPE ou do IFPE, um sitio de uso misto para imóveis residenciais de alto luxo com espaços comerciais no térreo, um novo bairro de residências próximas ao Rio Capibaribe. Ah, deveria ter um shopping center de vizinhança.

Pois bem. Esqueça tudo isso. O naufrágio do modelo de gestão da Arena que só consegue realizar uma receita que é 20% do projetado fez o governador Paulo Câmara pensar não só em rescindir o contrato de gestão, mas tentar achar alguma coisa para ocupar a área antes que seja invadida.

Então anote ai: A FGV agora está sugerindo que o estado leve para lá 5 mil residências do Minha Casa Minha Vida, um Outlet, uma quadra poliesportiva e um centro comunitário.

É isso mesmo. Uma vez que não finalizou a doação do terreno de aproximadamente 240 hectares, o governo planeja – além de arranjar um novo administrador para o estádio – rentabilizar a região colocando na área, que recebeu um complexo de acessos, um conjunto de novos projetos.

A proposta da FGV é assim: 3.000 unidades do MCMV com 45m² que podem ser vendidas a R$ 81 mil. O governo então venderia o terreno – que já tem infraestrutura completa – a R$ 1.800 o m².

Depois projeta mais 1.200 casinhas com 60m² para serem vendidas a R$ 108 mil e, finalmente, 800 apartamentos de 80 m² com preços de R$ 144 mil.

Com o preço da R$ 1.800 o m² vai ter gente querendo construir mesmo em tempos de crise. Afinal a infraestrutura já existe. Ah. Tem ainda um Outlet Premium com 10 mil m² que o governo quer vender ao preço de R$ 5,300 o m². Uma quadra poliesportiva.

Como se poder ver é um projeto bem modesto se comparado ao que a Odebrecht desenhou com residência de alto luxo e que atraiu gente como a gigante Alphaville. E, é claro, vai rebaixar o valor de mercado de toda a região.

O projeto da FGV diz que hoje, próximo da área tem um shopping em construção (Camará) em Camaragibe e dois empreendimentos imobiliários das construtoras Carrilho e Pernambuco. Assim um novo conjunto nas redondezas da Arena seria ideal para ancorar uma nova onda de pessoas interessadas na Arena.

O governo aceitou colocar um novo Centro Administrativo, um Centro Cultural e outro de formação de atletas e ainda novas unidades do Sistema S. O pessoal da FGV acredita que tem uma enorme chance de gerar receitas.

Como a ideia é agregar alguma renda à Arena, a proposta é dar um destino para rentável ao terreno. Embora nada comparável ao que, no governo Eduardo Campos, se anunciou como uma nova centralidade.

A ideia de pegar o terreno da Cidade da Copa e transformar aquilo numa comunidade baixa renda é ruim.

Mas o estudo da FVG tem um ponto positivo. Finalmente, revela os custos do projeto, quando o governo já gastou e quanto ainda deve. Não fala naquela cobrança da Odebrecht pelo adiantamento do cronograma da obra de R$ 248,9 milhões, mas tem uns dados interessantes sobre esse projeto. E ainda revela quanto o Governo já reconhece quanto Arena custou, a preços de julho de 2015: exatos R$ 504,352 milhões. Segundo a FGV, o Governo de Pernambuco já pagou R$ R$ 388,981 milhões, em dezembro de 2013, e ainda tem uma diferença da correção monetária de R$ 115,371 milhões.

O problema é que o contrato manda o governo pagar o prejuízo. E Paulo Câmara teve que, além os R$ 41,650 milhões que já pagou de atrasados, assumiu que deve ao parceiro R$ 87,116 milhões e fez um fiado em 18 prestações.

O contrato da Odebrecht com o governo dá garantia total para o parceiro privado. No primeiro aditivo a empresa se garantiu. Eliminou a cláusula de eficácia contratual que lhe obrigava a dividir o prejuízo operacional.

Sem essa clausula se a Arena faturasse abaixo de 50% do projetado (por ela mesma) o governo pagaria o prejuízo. O problema que não havia como ter lucro pois dos três clubes que ele previra só o Náutico topou. Aí oh.

Por isso esqueça aquele projeto de uma nova cidade próxima a Arena. Vai ter uma nova Cohab na vizinhança.

Fonte: Blog do Jamildo