Poupança tem saque recorde de 12 bilhões em janeiro

BRASÍLIA – A caderneta de poupança abriu 2016 com saque líquido recorde de R$ 12,031 bilhões. Em 2015, as retiradas superaram os depósitos em R$ 53,567 bilhões, marcando o pior ano desde 1995, início da série histórica. O resultado do primeiro mês do ano não foi ainda pior em função de uma entrada de R$ 3,417 bilhões no último dia útil do período, pois até o dia 28, os saques somavam R$ 15,449 bilhões. Em janeiro de 2015, a retirada líquida tinha somado R$ 5,528 bilhões. Em 2014, a poupança captou R$ 24,034 bilhões, menor captação líquida desde os R$ 14,186 bilhões de 2011, após o recorde de R$ 71,047 bilhões de 2013.
Os fatores que ajudam a explicar os saques continuam os mesmo, como inflação elevada, aumento do desemprego, menor crescimento da renda do trabalhador e maiores gastos com tarifas e combustíveis. A Selic estacionada em 14,25% também tira atratividade da caderneta, que perde em rentabilidade para outros investimentos mesmo considerando a isenção de Imposto de Renda.
Como o saque de recursos foi superior ao rendimento de R$ 4,083 bilhões, o patrimônio total da poupança caiu de R$ 656,589 bilhões em dezembro para R$ 648,641 bilhões no mês passado.
Em janeiro, os bancos que aplicam recursos da caderneta em crédito imobiliário mostraram saque líquido de R$ 9,521 bilhões (SBPE). E as instituições que destinam os recursos para o crédito rural registram saída líquida de R$ 2,509 bilhões (SBPR).

No fim de maio de 2015, o BC alterou regras de compulsórios sobre a poupança, visando colocar recursos no segmento que é responsável pela maior parte dos financiamentos imobiliários. O potencial de liberação foi de R$ 22 bilhões e até o fim de 2015 cerca de R$ 12 bilhões tinham sido utilizados, sobrando cerca de R$ 10 bilhões. Novo “funding” ao setor está sendo desenhado, conforme o governo planeja usar o FGTS para a compra de R$ 10 bilhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). A principal beneficiária seria a Caixa Econômica Federal.

Em entrevista ao Valor no começo de janeiro, o diretor de habitação da Caixa, Teotônio Rezende, apontou que a falta de recursos explica a maior parte da redução dos financiamentos para a casa própria e não a queda na demanda. Assim, o banco estatal considera bem-vinda qualquer inciativa para liberar mais depósitos compulsórios para o setor.

Desde o fim de agosto de 2013, a poupança voltou a ser remunerada pela “fórmula antiga”, de 0,5% ao mês mais TR. Pela regra atual, se a Selic ficar baixo de 8,5% ao ano, o rendimento será equivalente a 70% da taxa básica de juros.