A Caixa Econômica Federal informou na sexta-feira (5) que suspendeu novas contratações de crédito imobiliário com recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), a linha pró-cotista.
“Os recursos disponíveis da modalidade atualmente são suficientes apenas para atender as propostas de financiamento já recebidas pelo banco”, afirmou o banco em nota.
A pró-cotista financia a compra de imóveis de até R$ 950 mil nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e de até R$ 800 mil nos outros Estados. É a linha de empréstimo habitacional mais barata depois do Minha Casa, Minha Vida.
Um gerente de uma agência da Caixa na capital paulista, que pediu anonimato, disse à agência de notícias Reuters que novas contratações na pró-cotista estão suspensas há semanas.
No comunicado, a Caixa afirma que deve receber nas próximas semanas cerca de R$ 3 bilhões para complementar os recursos da linha pró-cotista.
O banco negou que a suspensão esteja relacionada à falta de recursos por causa do resgate de recursos de contas inativas do FGTS, autorizado pelo governo em dezembro. Nos últimos dois meses, segundo o presidente Michel Temer, foram resgatados 15 bilhões de reais, e a expectativa é que o volume sacado das contas inativas chegue perto de R$ 40 bilhões até julho.
O vice-presidente de Habitação da Caixa, Nelson Antonio de Souza, disse à Reuters que, enquanto isso, o banco tem orientado os tomadores a buscar outras linhas de crédito, como a do SBPE, com recursos da caderneta de poupança.
A taxa de juro da pró-cotista da Caixa para não correntistas do banco é de 8,61% ao ano. Já pelo SBPE a taxa é de 10,49% ao ano.
Maior concessora de crédito imobiliário do país, a Caixa vem refletindo o contínuo vaivém do setor nos últimos dois anos, diante da recessão no país e de movimentos na Selic.
Em 2015, com a taxa básica de juros chegando a 14,25% ao ano, a caderneta de poupança, que paga 6 por cento anuais, teve saída líquida de R$ 53,6 bilhões. No ano passado, a poupança teve resgates de R$ 40,7 bilhões.
Com isso, os empréstimos concedidos pelo SBPE no ano passado para compra e construção de imóveis caíram 38,3% ante 2015, para o menor nível desde 2009. O desempenho só não foi pior porque o financiamento com recursos do FGTS cresceu 18,5%, com a Caixa sendo mais flexível nos critérios para uso da linha pró-cotista.
Com o início do ciclo de cortes na Selic no ano passado, a expectativa de profissionais do mercado imobiliário é de os custos menores sejam repassados pelos bancos a tomadores nos próximos meses.
“Enquanto isso, estamos recomendando aos clientes que querem empréstimos pela pró-cotista que busquem no Banco do Brasil, que ainda tem recursos”, disse à Reuters a consultora imobiliária Daniele Akamine. “Recentemente fizemos isso para um funcionário da própria Caixa”.
Segundo o executivo da Caixa, o banco tomará as medidas para cumprir seu orçamento, que prevê conceder um total de 84 bilhões de reais em novos financiamentos para habitação neste ano, ante R$ 81,5 bilhões no ano passado, considerando todas as linhas.
“É muito ruim o cliente pedir recursos e não haver recursos; não vamos deixar acontecer”, disse.