Mais de 37 milhões de lares do Brasil têm renda muito baixa, nota Ipea

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Apesar da recuperação da economia, o país tinha 37,6 milhões de lares sem renda do trabalho ou com renda muito baixa no último trimestre de 2018, o correspondente a 52,3% do total de domicílios. É o pior resultado para o trimestre desde 2013, mostram cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

GRÁFICO 1 VALOR Essa proporção era de 46,1% no quarto trimestre de 2013, ou seja, antes da recessão. A proporção avançou para 48,3% em 2015 e 51,3% no quarto trimestre de 2017. As estimativas têm com base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.

As residências sem renda do trabalho eram 22,2% dos domicílios. Já as residências com renda “muito baixa” (menor do que R$ 1.601,18) eram 30,1%. A proporção de domicílios com renda domiciliar alta (mais de R$ 16.011,84), por sua vez, cresceu de 2% em 2017 para 2,1% em 2018.

Desigualdade

A desigualdade da renda no mercado de trabalho cresceu de forma acentuada no país a partir de 2016, apontou o Ipea.

GRÁFICO 2 VALOR O índice de Gini da renda domiciliar do trabalho (que varia de zero a um, sendo zero a igualdade perfeita) subiu de 0,514 no quarto trimestre de 2014 para 0,533 no mesmo período de 2018. Em 2017, estava em 0,532.

Outra forma de medir essa desigualdade é pela proporção das rendas. As famílias do topo da pirâmide recebiam, em média, 30,3 vezes mais do que as famílias na base da pirâmide no fim de 2018. Essa disparidade salarial era de 27,8 vezes no fim de 2014.

Desemprego

A taxa de desemprego das duas parcelas mais jovens da população (de 18 a 24 anos e 25 a 39 anos) apresentou leve queda no quarto trimestre de 2018, perante o ano anterior. Mas o motivo por trás da baixa não é dos mais auspiciosos: os jovens estão deixando a força de trabalho.

GRÁFICO 3 VALOR Estudo do Ipea mostra que a taxa de desemprego dos jovens de 18 a 24 anos recuou 0,1 ponto no trimestre final de 2018, em relação a um ano antes, para 25,2%. No grupo de 25 a 39 anos, a baixa da taxa também foi de 0,1 ponto, para 10,7%.

“A retração não se deu pela expansão da ocupação, como é desejável, mas pela queda da força de trabalho”, avaliou o Ipea. “As populações ocupadas com idades entre 18 e 24 anos e 25 e 39 anos recuaram 1,3% e 0,1%, as PEAs [população economicamente ativa] destes segmentos caíram 1,4% e 0,2%, respectivamente.”

Segundo o Ipea, outros dados confirmam que a situação do mercado de trabalho é menos favorável para jovens. “Essa parcela da população ainda é a que possui a menor probabilidade de ser contratada, além de ter a maior chance de ser demitida”, avalia.

Fonte: Valor Econômico