Em um feito extraordinário de engenharia e organização, a China concluiu a construção de 20 mil casas na África do Sul num tempo recorde de apenas 72 horas. De acordo com o Portal CPG, este projeto ambicioso, parte do megaempreendimento urbano John Dub New City, em Joanesburgo, representa um investimento de US$ 300 milhões e visa abrigar 100 mil pessoas.
Entre os fatores decisivos para o sucesso da iniciativa destacam-se os componentes pré-fabricados. As casas foram construídas em módulos, fora do local da obra, e posteriormente transportadas e montadas. O empreendimento contou ainda com o emprego de tecnologia de ponta, como a impressão 3D para a produção rápida e precisa de componentes.
Também contribuíram para a rapidez e eficiência do projeto a automação e a robótica. Robôs foram utilizados em diversas etapas da construção, agilizando o processo e otimizando o uso de recursos. E, é claro, não faltou uma gestão eficiente, com um planejamento detalhado de todas as fases da obra e a coordenação precisa da cadeia de suprimentos.
Inicialmente, o projeto John Dub New City foi uma resposta rápida e inovadora para evitar o agravamento da crise habitacional que estava sendo esperada em Joanesburgo com a previsão de chegada de 100 mil pessoas nos próximos meses. Mas seus benefícios não se limitaram ao fornecimento de moradias dignas a milhares de famílias. Incluíram também o impulsionamento da economia local e a geração de empregos.
Lição para o mundo
A África do Sul, segunda maior economia do continente africano, enfrenta um desafio social crucial: o déficit habitacional. Apesar do crescimento econômico, a desigualdade de renda é gritante e cerca de 14% da população ainda não possui moradia digna.
O projeto John Dub New City demonstra como a combinação de investimento, tecnologia e cooperação internacional pode gerar soluções eficazes para problemas sociais urgentes. E serve como inspiração para outros países que buscam enfrentar o déficit habitacional e promover o desenvolvimento social.
Aceleração do processo construtivo é tendência no Brasil
Embora o Brasil ainda não conte com sistemas tão velozes quanto o modelo chinês, o país já dispõe de tecnologias para a construção rápida que atendem as exigências técnicas para os financiamentos habitacionais.
No entanto, a solução brasileira para diminuir o déficit habitacional nos espaços urbanos não está mais voltada aos empreendimentos de alta densidade populacional, que priorizam o acesso rápido à moradia em detrimento da infraestrutura e dos serviços essenciais.
Hoje, os projetos do MCMV (Minha Casa, Minha Vida), programa do governo federal para famílias de baixa renda, buscam garantir sustentabilidade e a aplicação do conceito de “moradia digna”.
Para serem aprovados, os empreendimentos não podem ter mais de 500 unidades. Além de moradias mais espaçosas e com mais conforto térmico e acústico em relação aos projetos do passado, também é condição básica o acesso ao saneamento básico, à segurança e aos serviços públicos de forma geral.
ABC discutirá sistemas de construção rápida no Fórum Nacional em Curitiba
Acelerar o processo construtivo é o rumo da construção civil. Além do atendimento rápido à demanda de moradias, a estratégia elimina o desperdício, racionaliza o processo e barateia o custo.
Para estimular o engajamento do setor de construção nessa nova tendência, a ABC (Associação Brasileira das Cohabs) discutirá o tema no próximo Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano (FNSHDU), que acontecerá em Curitiba (PR), dias 4, 5 e 6 de dezembro.
O evento contará com a participação de empresas que já oferecem sistemas construtivos industrializados, homologados de acordo com as normas técnicas vigentes.
Além de um debate aberto com o público em geral, haverá uma apresentação dirigida aos secretários de habitação de estados e municípios e, também, os representantes do Sindus-Con (Sindicato da Construção Civil) presentes no evento.
“Considerando o pioneirismo das Cohabs em projetos de habitação em larga escala, essa é uma iniciativa que não poderia faltar no evento que é referência para o setor”, afirmou Jorge Lange, presidente do FNSHDU.